Globalização, protecionismo, terrorismo…

 

Todo ser humano reage ao domínio.

Todo ser humano reage ao domínio.

Quando o assunto é Globalização, ficam mais evidentes as impossibilidades do indivíduo diante dos Contratos Sociais e das Sociedades.

É simplesmente impossível deixar de estar inserido em alguma “sociedade”. Seja ela formalmente estabelecida, como são os países e seus governos, sejam informalmente estabelecidas, como as comunidades hippies, naturalistas, etc., o fato é que não há mais lugar neste planeta onde um indivíduo possa viver sem que esteja submerso e submetido à regras, sendo que na maior parte das vezes, são regras sobre as quais não emitiu nenhuma opinião ou concordância.

Extrapolando este pensamento, temos ainda a predominância da vontade de algum sobre outros. Nem saberíamos afirmar se estas predominâncias são estabelecidas pela maioria numérica, ou pela força militar, ou mesmo o poderio econômico e financeiro, ou mesmo pela racionalidade e argumentação. Resta o fato de que sempre há imposição de vontades. Países com comportamentos imperialistas, mesmo não sendo “impérios” na concepção stricto senso da palavra, grupos que impõem suas vontades, seja por machismo, religião, política, economia, etc. Em qualquer lugar que esteja o indivíduo, estará submetido às vontades de um grupo.

O que isso tem provocado? Como esta imposição de vontades tem contribuído para os resultados que temos visto diariamente nos noticiários?

O que temos visto diariamente poderia ser definido em uma única palavra: Resistência!

Isso mesmo. Alguns atribuem definições carregadas de conceitos ideológicos e até mesmo de juízo de valor, tais como “rebeldia”, “teimosia”, “birra”, mas o fato é que estamos realmente falando da mesma coisa: Resistência.

É da natureza humana resistir. Resistimos ao domínio, resistimos ao jugo e opressão, resistimos à simples sujeição e à subserviência. Porque apenas e simplesmente o indivíduo humano deseja a liberdade! Muito provavelmente este seria o primeiro item da lista de qualquer pessoa a quem fosse perguntado quais os seus anseios na vida. Isso, claro, daqueles que têm consciência de que não são livres…

Será que quando vemos atos terroristas, não estamos diante de manifestações de resistência? Mais uma vez, cumpre deixar claro que em nenhum momento estamos fazendo apologias, nem aos dominantes nem aos dominados, ou quaisquer ferramentas que qualquer destes grupos utilizem, para o domínio ou para a resistência. Porém, quando nos defrontamos com um império de poder econômico impondo sua vontade e seus padrões e valores, ninguém se manifesta em defesa dos oprimidos, daqueles que perderão seu sono e a sua paz em uma busca desenfreada visando satisfazer desejos, sonhos, enfim, demandas que foram semeadas em seu espírito e sua mente, sem que sejam, necessariamente, demandas suas.

Que defesas têm crianças e adolescentes de países pobres e subdesenvolvidos ao serem expostos aos comerciais, filmes e conceitos aos quais são bombardeados ininterruptamente, através da televisão, do cinema, dos out-doors, revistas, etc.? Mas todos acham isso normal…

É tudo tão “normal” nas estratégias que os dominadores utilizam para implantar no subconsciente dos dominados a sua “superioridade”, que ninguém percebe a violência. Ninguém percebe também quando os grupos mais esclarecidos de dominadores, quando notam que estão sofrendo um processo parecido, se defendem, com mecanismos protecionistas de seus mercados, seus valores e seus conceitos.

Mas quando um grupo que não tem o mesmo poderio econômico e financeiro, mas que acredita de forma irrevogável em seus valores e conceitos a ponto de defendê-los como pode, é comum vermos o que encontramos na mídia diariamente: Filhos que se desentendem com suas famílias, indivíduos que não se sujeitam às regras da sociedade onde nasceram, grupos que fazem guerrilhas contra seus opressores, países que planejam e executam ataques terroristas. Porque simplesmente os valores que estão tentando lhes impor não lhes pertencem, não estão introjetados por eles. Mas como a busca pelo domínio não arrefece, que opção lhes damos?

Porque isso está acontecendo? O que está acontecendo com as Sociedades? Será que não está faltando espaço para o florescimento de novas ideias e ideais? Será que não estamos tentando fazer com que todas as ideias e ideais possíveis sejam “contidos” dentro de alguns poucos conceitos e valores, como se estes fossem absolutos? Será que não estamos todos tentando resumir a diversidade humana em um número muito restrito de Contratos Sociais?

E se sim, será que estamos prontos para “pagar o preço”? Porque se continuarmos insistindo em fazer com que todos se adequem a tão poucas opções, estaremos sujeitos a vermos todos os dias os sinais da resistência daqueles cujos ideais, ideias, conceitos, cultura e valores não se encaixam nos padrões disponíveis…

 



Sobre Coisa Pública

Coisa Pública é um blog dedicado a fomentar ampla discussão sobre os Contratos Sociais e os reais resultados obtidos pelos Administradores da República com sua forma de administrar. Aqui, todos são convidados a participar, pois cremos que os resultados mensuráveis hoje não são os que desejariam os signatários dos Contratos Sociais, que "deixariam a sociedade", se isso fosse possível.