Apesar de estar em férias do meu trabalho, tenho lido muito, diariamente, sobre todo este mar de lama despudorado a que temos sido submetidos estes dias, protagonizado por políticos do PR e integrantes da alta cúpula do Ministério dos Transportes.
E o pior é que não temos para onde correr! Um Ministro é destituído por escândalos de corrupção, malversação de dinheiro público, superfaturamento de obras, etc., mas o que assume em seu lugar, seu substituto, é indicado pelo mesmo partido do que saiu! Isso sem falar que trata-se de “figurinha carimbada”, sendo que foi Ministro dos Transportes outras vezes e, o mais interessante, cada vez que foi nomeado Ministro desta “pasta”, foi precedido pelo Alfredo Nascimento (o atual “demitido”) e sucedido novamente por ele!
Ou seja: Ambos se revezam no cargo – uma hora é o Alfredo Nascimento (o demitido), outra hora é o Paulo Sergio Passos (atual). Isso aconteceu 2 vezes anteriormente e esta é a terceira vez que o atual Ministro (Passos) sucede o Nascimento, exonerado por escândalo de corrupção. Esperemos que não seja precedido por ele novamente! Mas nada mais me surpreende…
Será possível que um esteja envolvido ou tenha permitido toda a corrupção, sem que o outro tenha conhecimento? Será que algum funcionário público é capaz de asseverar que é possível, em um cargo destes (acredito mesmo que em qualquer cargo, na verdade), que um “tubarão” deste nível possa não saber o que aconteceu ou acontece sob a tutela de seu predecessor? Ora, façam-me o favor!
Esperam mesmo que a sociedade acredite que é possível tanta negociata, tanta malversação de verdadeiras fortunas, tantos desvios e superfaturamentos, sem que todos soubessem “pelos corredores” que ligam as salas onde ocorriam? Sou funcionário público há mais de 15 anos e posso afirmar que é impossível que isto ocorra “na surdina”! É preciso que papéis sejam assinados e tramitados por diversas instâncias de decisão. Muitas pessoas os vêem, lêem e encaminham. Qualquer um que trabalhe próximo a estas pessoas “sabem” o que está ocorrendo (se não fosse assim, não heveria inquéritos, nem denúncias, nem provas – como há diversos procedimentos no MPF, PF e Justiça Federal, das denúncias que fiz e como há os casos em tela, que certamente não vieram à tona por iniciativas dos envolvidos). Vão dizer que o sucessor não sabia? Por 3 vezes?
Vejam o restante do panorama (todo o feudo do Valdemar Costa Neto): O DNIT, em todos os lugares onde está sendo investigado, estão se descobrindo esquemas! A VALEC tem nos altos escalões pessoas que estão ligadas ao DNIT e à ANTT! Para todo lado que se olha, encontram-se indícios e provas de ilícitos!
E qual a explicação? Valores são orçados e aprovados para obras de infraestrutura. Mas depois que uma estrada é orçada e aprovada, descobre-se que tem um rio no caminho e uma nova ponte é necessária? Como isso? Ele não estava lá antes? Esperavam construir estradas para veículos anfíbios, mas desistiram? E porque o material e mão de obra, quando a obra é pública, é mais caro? Acaso é material ou mão de obra diferente daqueles utilizados por particular?
Até quando permitiremos que nos tratem como idiotas e trouxas porque agimos e aceitamos como se idiotas e trouxas fôssemos? Quanto foi desviado? Onde está o dinheiro?
Sabem o que é mais interessante? O Lalau surrupiou quase 200 milhões na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo, mas hoje “comemoramos” a recuperação de quase 55 milhões! E o resto? Daqui a pouco acontecerá o mesmo com o Ministério dos Transportes e o DNIT: Milhões somem, pessoas são demitidas (o Palocci também foi anteriormente e voltou… Foi demititido novamente porque é “zoião”, na linguagem dos corruptos que pensam que são espertos e só roubam valores que não chamam muito a atenção. Isso mesmo: Pessoas que roubam e acham que são espertas porque não roubam muito apelidam os que roubam muito e chamam a atenção de “zoião”, porque querem roubar muito de uma só vez! Ou seja, o problema não é roubar, mas chamar a atenção roubando muito de uma só vez!), mas depois esquecem (esquecemos), ninguém é realmente punido, ninguém devolve nada, temos que “liberar verbas” para terminarem as obras embargadas, afinal, já estão iniciadas, não é? E nada muda! Onde vamos parar?
Daqui a pouco ninguém mais fala neste escândalo, porque afinal de contas, escândalo neste país é o que não falta! Daqui a pouco teremos outros, a mídia corre tudo para cima do novo e esquece o velho… Daí o Alfredo Nascimento assume outro cargo qualquer, o Passos continua como se não soubesse de nada, o filho do Nascimento, que enriqueceu 86.500% em 2 anos financia outras empreitadas familiares, etc. E o povo… Bem, o povo que morra de fome!
E o que me deixa mais de queixo caído é que em outros locais do mundo, um político envolvido em escândalo PEDE para sair, sendo que há até casos de suicídio devido à desonra social e familiar. Mas aqui no País Tropical, o envolvido no escândalo se agarra como pode na cadeira que ocupa, só largando se de lá for arrancado. E não passa mais que alguns dias sem ter onde se assentar: Logo arruma outra cadeira, as vezes mais interessante até. Afinal de contas, possui uma carreira construída, com muitos contatos, influências, amigos… Que não tem porque não ajudá-lo, não é? Afinal de contas, se o abandonarem, vai saber o que não pode “vir à tona”, não é mesmo? Não que tenham “rabo preso” ou estejam “devendo”, mas o povo não tem instrução, não compreende os meandros e complexidades do exercício da política, e podem “interpretar” de forma errada os “acordos” que tiveram que fazer, as “concessões”, etc.
Não existe desonra neste país, ao menos não no exercício da política. Então, se não há desonra, mas sim “falta de compreensão” por parte do povo, não há que se falar em vergonha, não é mesmo?
O que eu penso a respeito desta forma de administrar? Escrevi hoje em um comentário no sítio Acorda Niterói: “Se fosse consultado neste país a respeito de Pena de Morte, por meio de plebiscito, eu votaria em pena de morte para políticos corruptos e todos os amigos e familiares que se beneficiam calados e fingem não saber de onde vem seu luxo, mesmo que não concorram diretamente para a dilapdação da Coisa Pública.”
Quem sabe um dia não teremos por aqui a revolução que ocorreu no Egito, contra a ditadura imposta pelo medo. Aqui a ditadura é imposta pelo capital e pela falta de formação do povo, que é mantido o máximo possível na ignorância. Mas espero que estejamos iniciando uma revolução da ética, da honra e da hombridade neste país!
Que tal pararmos de olhar para o outro lado? Que tal pararmos de agir como se “não fosse problema nosso”?
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