Há um consenso hoje em dia sobre o “fato” de que a educação é fator preponderante para a transformação social. Sob certo aspecto, isso pode ser verdade. Mas é uma verdade absoluta?
Não há grandes dificuldades em se aceitar, conceitualmente, que quanto maior o nível de conhecimento de um indivíduo, maior sua capacidade de transformar o seu mundo, seja adequando-se à Sociedade na qual vive, seja transformando-a. Mas parece-nos que a primeira forma é a mais usual…
Mas até que ponto a educação construída com os instrumentos dispostos por uma sociedade é realmetne capaz de transformá-la? Será que os instrumentos que a sociedade disponibiliza para que um indivícuo construa o seu conhecimento são os instrumentos adequados para que este mesmo indivíduo compreenda o quanto está sendo moldado pela mesma sociedade que disponibilizou-lhe os instrumentos e a própria educação?
Somos levados a acreditar, durante toda a nossa vida, que não temos escolha, senão aceitarmos as regras e nos adequarmos a elas. Quando muito, podemos “melhorá-las”. Mas o que isso significa?
Significa que somos obrigados a aceitar a sociedade como ela se nos apresenta? Melhorá-la significa o quê? Fortalecer seus princípios e fundamentos, torná-la mais eficaz em absorver e “aproveitar” seus indivíduos?
Será que existe a possibilidade de que toda a estrutura social conforme a conhecemos esteja fadada a fracassar? Será que existe a possibilidade de ainda não ter surgido um tipo de estrutura social que realmente inclua todos os indivíduos, com um mínimo de “violência” (destruindo suas características pessoais), mas mesmo assim com um resultado realmente mais aproximado daquilo que se espera de uma “sociedade”, ou seja, que os indivíduos entreguem espontanea e voluntariamente uma parcela de sua liberdade natural em troca de benefícios efetivos a todos, igualitaria e equanimemente?
Se existe a possibilidade de uma sociedade assim nascer, então porque resistimos tanto à esta ideia e insistimos em acreditar que temos que “melhorar” o que aí está, como se fosse tudo o que podemos esperar?
Acreditamos que isso começa realmente com “educação”. Mas acreditamos também que o modelo de educação de que dispomos hoje nem arranha o que realmente precisamos para promover as mudanças. A começar pelo fato de que a “educação” como temos hoje está focada na preparação para o emprego, que está sempre à serviço desta sociedade, de seu crescimento, seu fortalecimento e sua continuidade…
Então o que precisa mudar? O que realmente queremos quando tratamos do assunto “educação”?
O Artigo 6º da nossa Constituição diz o seguinte: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” Se são “direitos sociais”, significa que são direitos garantidos a todos os que compõem a sociedade. Então perguntamos: Porventura alguém não a compõe? Por que não está funcionando?
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