Corrupção, Escândalo e Ausência de Punição

 

Devemos "vestir" a peça que nos oferecem diariamente?

Devemos "vestir" a peça que nos oferecem diariamente?

Estamos todos sendo tratados como parvos. Devemos usar o chapéu que estão a nos oferecer diariamente? Gostaria de poder dizer “eu passo”, mas creio mesmo que isso só é possível se muitos outros se unirem nesta rebelião. Caso contrário, querendo ou não, o chapéu é meu, é seu, é de todos os que assistem ao desfile de corrupção, caras lavadas  e sem-vergonhice diariamente no noticiário!

Sabe porque existe tanta corrupção neste país? É clichê: Por causa da impunidade. Então para falar algo que não é clichê, que tal falarmos sobre os responsáveis? De quem é a culpa para tanta corrupção e também pela impunidade? Essa é fácil! NOSSA! Sua e minha.

Há quem não concorde. Tenho colegas de trabalho que, ao discutirmos estes assuntos, sentem-se indignados com a minha pretensão de imputar-lhes qualquer grau de responsabilidade pela corrupção ou pela impunidade com que é tratada. Qual o argumento deles? Que elegem representantes para poderem “tocar as suas vidas” sem ter que se tornarem militantes políticos. Se fosse para passar a vida fiscalizando o funcionamento da “máquina pública” e os Administradores da Coisa Pública, seriam políticos e não estudantes, advogados, funcionários públicos, professores, técnicos em informática, motoristas, etc.

Daí eu pergunto: Mas e se você, ao invés de ter a profissão que tem, fosse político e fosse eleito, sendo que após alguns anos de “serviços prestados”, fosse “reconhecido” por seus pares e indicado para assumir um Ministério, por exemplo… O que faria? Seria probo? Viveria de seu salário? Realizaria as tarefas para as quais foi eleito, com retidão? Ou “dançaria conforme a música” e amealharia alguns “trocados” a mais a fim de garantir “a sua aposentadoria” tranquila?

Quase sempre a resposta é um sorriso “maroto”, do tipo, “ia nadar de braçada”. Há os que também ficam indignados com a sugestão e procuram explicar que fariam tudo de forma correta, justa e moral. “Como?”, pergunto eu, “se não teria o apoio de seu partido, não teria o apoio de poderosos e não teria força política para isso?”. Não há resposta irrefutável para isso. Denunciar? Ora, mais do que é denunciado todo dia e ninguém é punido realmente?

Portanto, a conclusão é sempre a mesma: Quem está no poder inebria-se, acredita que lhe pertence e faz o que quer. E se nós, beneficiários esquecidos da Coisa Pública, nada fizermos para retomar o poder que nos pertence e traçarmos um novo rumo para esta nação e para esta sociedade (brasileira e mundial), estamos fadados a uma hecatombe social, política, financeira e moral, que não será “local”, mas mundial!

Os países estão falindo, todos. Sem nenhuma pretensão de ser dramático, o fato é que temos uma estrutura social construída tendo como base uma ficção, e não há como permanecer de pé. O que está falindo os países é basicamente a ganância e a corrupção, alimentadas que são justamente pelo alicerce de nossa sociedade: O Capital!

Para falar apenas sobre o nosso país e as últimas notícias, o que temos? “Crescimento” medíocre, obviamente falando apenas em crescimento econômico, pois se formos falar em crescimento das necessidades, crescimento populacional, crescimento da oferta de mão de obra (com pouca ou nenhuma especialização), etc., então temos crescimentos memoráveis. Então porque o crescimento econômico é medíocre? Porque a base de nossa sociedade é uma ficção…

Temos juizes, que ganham os melhores salários deste país, sendo presos e perdendo cargos por envolvimento com organizações criminosas. Temos funcionários públicos impedidos de receber pagamento de salários, porque ganham acima do limite estabelecido pela Constituição Federal. Temos políticos flagrados dando e recebendo valores, aos quais não deveriam sequer ter acesso, uns aos outros, como se fosse uma festa. Temos Ministros de Estado sendo afastados por enriquecimento ilícito ou inexplicável, da Casa Civil (pela segunda vez, o Ministro), dos Transportes, etc. Suas empresas crescem assustadoramente mais que qualquer negócio no mundo, mesmo trabalhando em áreas onde outras empresas amargam crescimentos inexpressivos ou prejuízos. Temos filhos de ministros que enriquecem nada menos que 86.000% em 2 anos. Não há aplicação ou negócio neste planeta que conheça tamanha taxa de sucesso!

Quanto tempo durará ainda a sociedade que criamos?

Quanto tempo durará ainda a sociedade que criamos?

Das duas uma: Ou tomamos uma atitude agora, ou no próximo governo torcemos para que o Ministro da Casa Civil ou o filho do Ministro dos Transportes, qualquer um dos dois, seja indicado para Ministro da Fazenda, porque é inegável a competência de ambos para “multiplicar talentos”. Se Jesus Cristo vivesse hoje entre nós, acho que nem teria contado a Parábola dos Talentos, porque perderia o objeto. Duplicar talentos hoje é coisa de gente incompetente. Os competentes “vigenuplicam” seus talentos, e eu desafio a todos a dizerem como seria multiplicar seus talentos por 86.000 vezes!

Como dizia meu professor de português na quinta série primária, há milhares de anos, “mas, porém, contudo, todavia, entretanto”, vamos levando nossas vidinhas modestas, singelas e ingênuas. Com certeza seremos poupados quando tudo ruir…

Não é?

 



Sobre Interlocutor

Cidadão brasileiro, gostaria de ver os Contratos Sociais serem efetivamente cumpridos e as riquezas desta grande nação retornarem em benefícios a todos os signatários dos Contratos Sociais. Áreas de interesse: Educação, Política, Sociologia e Direito.