Assunto um tanto quanto incompreensível para a maioria dos meros mortais. Mercado financeiro, mercado de futuros, inflação, taxas de câmbio e de juros, etc.
Afinal de contas, como foi mesmo que passamos do escambo para a dolarização da economia mundial? Como é exatamente que se estabelece quanto vale uma hora de serviço de um ser humano? Pela importância dos resultados de seu trabalho? É por isso que alguns atletas e artistas ganham valores astronômicos? É por isso que um coletor de lixo ganha menos do que o necessário para sua subsistência?
Como podemos olhar para os resultados atuais de pesquisas do IBGE, e não nos abalarmos com a realidade deste país, onde algo em torno de 60% dos domicílios brasileiros o nível de renda é até 1 salário mínimo (cada domicílio “vivendo” com menos de R$ 545,00/mês) e em torno de 21% dos domicílios brasileiros com um nível de renda até 2 salários mínimos por mês. Somando-se, temos um resultado assustador, onde mais de 80% dos domicílios – veja bem, domicílios, e não pessoas – deste país tem renda inferior a R$ 1.100,00/mês.
Como estamos falando de domicílio, e como também também há estatísticas que comprovam que nos lares onde há menores rendas, a densidade demográfica é maior (mais pessoas por domicílio), então temos a conclusão de que bem mais que 80% das pessoas deste país vive com menos de R$ 250,00/mês (computando grosseiramente 4 pessoas por domicílio).
Também encontramos números que mostram que, na verdade, mais de 16 milhões de pessoas no Brasil vive com menos de R$ 70,00 por mês! E mais de 5% da população do país (aproximados 10 milhões de pessoas) simplesmente não possui nenhuma renda!
Mas o Senhor Carlos Alberto Sardenberg, jornalista e comentarista econômico, âncora do Programa CBN Brasil, deu uma entrevista no dia 11/05/2011, no Jornal das Dez na Globo News, falando sobre o controle da inflação, e em como aparentemente o governo (os Administradores da Coisa Pública) demorou a perceber a escalada da inflação, e consequentemente, em tomar as medidas necessárias para a sua contenção.
Será que é compreensível para a maioria das pessoas como é que se pode haver inflação em um país de miseráveis? Ou será que estamos sendo levianos em afirmar que um país onde mais de 80% da população não tem renda suficiente para viver (segundo a nossa Constituição Federal) seja um “país de miseráveis”? Temos que aguardar até chegarmos ao cúmulo de termos nas ruas do país os esqueletos humanos animados que andam pelas vilas e cidades africanas para concluirmos que somos um país de miseráveis?
Então como é possível que um número inexpressivo de pessoas (tomando por base um comparativo com o total da população, e não levando-se em conta seu poder econômico) detenha em mãos toda a riqueza de mais de R$ 2.300.000.000.000,00 (dois trilhões e trezentos bilhões de reais)? Isso significa que se a Coisa Pública fosse administrada em benefício de todos e não apenas de alguns, teríamos uma renda por pessoa, independente de idade, raça, credo, etc., de aproximadamente R$ 1.000,00 (mil reais) por mês? E que isso significaria algo em torno de 4 ou 5 mil reias de renda mensal em um domicílio médio no Brasil – todos os domicílios?
Sei que “economia” não é assim que se faz ou assim que se pensa, ou assim que se calcula… Na verdade, temos que levar em conta os investimentos públicos, os superávits, os déficits, o humor dos mercados de futuros, os preços das comodities, o “custo Brasil”, seja lá o que isso signifique, etc., etc., etc.
E que se formos pensar econômica e financeiramente corretamente, chegaremos fácil a uma explicação de como e porque 160 milhões de pessoas neste país precisam comer menos do que o necessário, precisam vestir-se precariamente, precisam morar sem dignidade, precisam abrir mão do lazer (supérfluo, certo?), precisa viver sem segurança, sem educação, andando à pé, doentes, etc.
Sei que tudo isso é justo e tem uma explicação lógica… Eu é que tenho dificuldades em compreender…
Alguém entende? Pode me explicar? Alguém pode explicar aos 160 milhões de miseráveis que mesmo não entendendo nada de economia e finanças, e mesmo não compreendendo nada de inflação, eles é que terão que pagar o preço? Porque juntar uma carriola de notas para pagar uma conta de água é fácil para os beneficiários da Coisa Pública, pois sequer precisam de dinheiro em espécie, utilizando-se de seus inesgotáveis recursos depositados em contas, cartões plásticos, títulos, etc. Mas juntar um “macinho” de notas a fim de comprar um litro de leite para crianças famintas é um custo enorme para 80% das pessoas desta grande nação…
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