No dia de ontem, 10 de Maio de 2011, vários canais de comunicação noticiaram a morte brutal de um jovem de 18 anos, espancado e esfaquado na porta de uma casa noturna em Jaraguá do Sul/SC. Tudo filmado.
Dizem que a família mudou-se de Foz do Iguaçu no PR porque a cidade estava ficando muito violenta. E como é comum hoje em dia, muitas famílias procuram adequar todo o seu estilo de vida e horários em função da proteção e segurança de seus membros, principalmente as crinças eadolescentes.
Mas o jovem, recém chegado na cidade, saiu para “curtir” com outros jovens de sua idade, e escolheu a companhia de uma garota. Só não sabia que a garota era considerada por outro jovem como sua propriedade! E como muitas pessoas hoje fazem, ele também defendeu a sua “propriedade” tirando a vida de quem ameçava essa relação de posse.
O que tudo isso nos diz? Procurando sair do lugar comum, do óbvio, que é o fato de que a vida está banalizada, os jovens não têm princípios e educação, muito menos respeito, que existe o império da impunidade, etc., o que mais essa situação nos revela?
Sim, todos temos a convicção de que a impunidade mais uma vez tem solo fértil nesta ocorrência. Pode até ser que “nos calem a boca”, e que estes jovens assassinos cumpram uma pena considerada pela “sociedade” como sendo “justa”, mas isso seria, nos dias atuais, uma excessão à regra! Porque infelizmente a regra hoje é a impunidade, o pouco caso com a vida. Sem falar na questão de quanto “justa” é a punição para quem interrompe uma vida e destrói uma família.
Cremos que este episódio nos revela mais do que o já exposto: Revela o quanto as pessoas, de todas as idades, não conseguem mais estabelecer as devidas proporções às coisas e eventos. Se alguém acredita ser proprietário de algo e acredita que pode defender sua propriedade de ameaças externas, então como explicar a desproporção aqui vista?
Nem vamos entrar no mérito da questão de ser a “propriedade” uma pessoa, uma garota. E também não entraremos na questão de se essa garota concorda ou não com essa “posse”, que aparentemente não concordava, tanto que estava naquela noite com outra pessoa que não aquele que se considerava seu proprietário. Mas como uma pessoa, mesmo julgando-se proprietário de algo ou de alguém, explica o fato de ter espancado, esfaqueado e tirado a vida de outra pessoa humana apenas porque esse outro “ficou” com a sua “posse”?
Sempre há a possibilidade de que a morte do jovem esfaqueado não fosse a intenção do esfaqueador, mas a partir do momento que se resolve cravar uma faca nas costas de alguém assume-se esse risco, não é?
Como chegamos a isso? Como as leis antigas, do “olho por olho e dente por dente”, passando pelo “Direito Romano”, tornou-se isso, de “um beijo (ou uma ‘ficada’) por uma vida“? Será que este jovem que esfaqueou um seu semelhante tem a real noção do que fez? Será que ele consegue, mesmo agora, depois de tudo consumado, depois de ter marcado indelevelmente várias vidas com as marcas de sua violência, será que ele consegue olhar o outro, o morto, como um seu igual?
E isso nos faz pensar: Quem será que ele pensa que é? O quê ele pensa que é? Será que ele se vê
como “ser humano”? Será que ele sabe o que isso significa? Será que ele tem alguma noção do que significa ser humano? É possível que ele tenha alguma noção de quanto vale a sua própria vida? É possível que justamente por considerar o outro um “igual” é que ele não dê nenhum valor àquela vida?
Porque se ele não sabe quanto vale a sua própria vida, ou quem realmente ele é, como podemos esperar que atribua o devido valor à vida de outrem?
Nem de longe estamos defendendo sua ação, seus motivos, ou diminuindo sua imputabilidade, etc. Mas sinceramente, que espécie de Educação, Ética, Moral, etc., este indivíduo recebeu da sociedade em que está inserido? Podemos considerar, mesmo que a título de filosofia, que os resultados desta situação toda seja uma pequena mostra dos resultados obtidos pela atual administração da Coisa Pública?
Porque cá entre nós… Essa situação e estes resultados, infelizmente, não são excessões, não são incomuns…
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